20 May 2014

20 May 2014

menina da lagrima

Desde que cheguei há 2 anos e 2 meses só me lembro de chorar uma vez, no dia que vim, no aeroporto com os meus pais e pelo caminho por causa das gatas no porão do avião. No domingo não sei que me deu desatei a chorar no skype no aniversário do meu pai. Pedem-me para explicar, não sei que responder. Estar longe não é fácil e só quem já passou pela experiência sabe. No inicio é tudo novidade e nem te lembras do que deixas para trás mas com o passar do tempo bate-te no coração...
 
 
Deixo aqui o texto perfeito escrito por alguém da minha terra que fala de Nostalgia:
 
“Gosto da minha terra! Aquela que me pôs no mundo; que me viu conduzir pela primeira vez; que me viu transformar em mulher; que me viu chorar de amor; que me viu fazer amizades para a vida; que tem o melhor pôr do sol do mundo; que cheira a maresia; que me aceitou em romances nocturnos; que cheira a peixe fresquinho e onde os comboios se cruzam em velocidade.
Gosto de Arcozelo e gosto da praia da Aguda, separados pela linha do comboio, separados pela antiga estrada 109. Gosto de sair da A29, fazer a rotunda, cortar para Miramar e ir pela beira-mar observando as ondas. Gosto do mar encrespado enquanto caminho na passadeira de madeira. Gosto como o meu nariz começa a pingar com a aragem do mar e o vento na cara me seca a pele e sacode os cabelos. Sinto-me viva e plenamente feliz nesse lugar.
Sentada numa esplanada de dia ou na areia em cumplicidades a dois à noite, sou a mulher mais feliz que já viram. Nunca outro lugar me trouxe tamanha serenidade e sorriso na cara. Aqui ao longe onde me encontro, a muitos quilómetros dessa minha costa, bate a saudade, sinto o vazio.
Muitos dias ao acordar olho o rio, como hoje, mas o rio não me faz sorrir. Ao longe vejo-o estático, não me traz emoção. Quero a minha praia da Aguda pertinho, o meu Arcozelo de rotundas estranhas e paralelos e buracos. Arcozelo onde todas as caras me são familiares, onde em qualquer lado se pode estacionar, onde se lavam os carros na rua e as carpetes no meio do pátio. Arcozelo onde ao sábado as gentes vão ao cemitério e ao domingo à feira da santa e à missa das 10:30.
 Aguda onde se vai ao peixe ao sábado de manhã, espreitando as ciganas o que vendem e após o almoço tomar um café ou dar uma caminhada. Quero a costa do norte, com 17km de praias onde andar a pé não é desporto mas um desfrutar de uma beleza linda. Quero os amigos de longa data pertinho para fazermos noitadas num carro ao frio a contar histórias de terror ou na casa de um de nós a comer e beber em amena cavaqueira.
Quero que a Lai cresça livre, que vá ao quintal com os avós colher o que vai almoçar; que passe o muro para ir brincar com os vizinhos, que deixe cartas escondidas num vaso, que aprenda a andar de bicicleta na carreirinha, que vista a sua melhor roupa porque é domingo e que ao sábado vá saudar o mar. Quero que ela saiba o que é ser totalmente feliz e livre, rodeada de quem mais a ama!......”
 


0 comentários:

Post a Comment